Estrangeiros “invadem” Centro de Saltos Ornamentais da UnB para aclimatação
Entre 19 e 24 de fevereiro, o Parque Aquático Maria Lenk, no Parque Olímpico da Barra, no Rio de Janeiro, receberá a Copa do Mundo de saltos ornamentais. Além de evento-teste para os Jogos Rio 2016, a competição vale como classificatória. Serão 270 atletas, de 50 países, lutando por 92 vagas olímpicas. Diante da concorrência acirrada, delegações estrangeiras buscaram o Centro de Excelência em Saltos Ornamentais, na Universidade de Brasília (UnB), para aclimatação e reta final de treinos.
Exemplo disso é a seleção venezuelana, que treina no local até esta quinta-feira (11.02). Composta por sete atletas (cinco homens e duas mulheres), a equipe divide o espaço com os brasileiros. “Brasília é um lugar próximo ao Rio de Janeiro e também com clima parecido. E o mais importante é a piscina ser aberta, como vai ser no Rio”, explica o técnico chinês Wing Yun Hu, à frente da delegação da Venezuela desde 2008, após os Jogos de Pequim. “Aqui temos todas as condições. Temos ginásio, cama elástica, cinturão e plataformas e trampolins para todos. Isso é muito importante para nós”, destaca.
A meta do técnico é que os venezuelanos garantam, no Pré-Olímpico, quatro ou cinco vagas para os Jogos. “Caso nos classifiquemos para o Rio, quero voltar logo e concentrar os treinamentos em Brasília antes das Olimpíadas. Será por um mês, um mês e meio, ou dois meses. Nos sentimos muito bem com o pessoal daqui”, conta.
Para os atletas estrangeiros, os dias em Brasília têm oferecido oportunidades de treino em diferentes condições climáticas. “Às vezes com sol, às vezes chuvoso, outras nublado. Ou seja, muitas mudanças de clima e era isso que buscávamos, porque não sabemos como vai estar o clima no Rio”, comenta Robert Páez, de 21 anos, que disputou as Olimpíadas de Londres, em 2012, e os Jogos Olímpicos da Juventude em Cingapura, em 2010. Na Copa do Mundo, o atleta tentará vagas na plataforma de três metros (individual e sincronizada) e na de dez metros (individual).
Antes de chegar a Brasília, a seleção venezuelana passou por um período de treinos na Espanha, onde disputou o Grand Prix, em 15 de janeiro. “Estava muito frio. Após o término da competição, viemos para este centro de treinamento e, agora, faz muito calor, mas é o que precisamos para nos adaptar ao Rio”, acredita Edickson Contreras, de 25 anos, que também disputou as Olimpíadas de Londres e agora busca vagas no trampolim de três metros (individual e sincronizado).
Entre os visitantes estão também atletas mais novos que tentarão, no Rio de Janeiro, a primeira participação em Jogos Olímpicos. É o caso de Oscar Ariza, 16 anos, e de Elizabeth Pérez, 15. “Estava me dedicando à plataforma individual (dez metros) para os Jogos, agora estou mais dedicado à plataforma sincronizada com o Robert Páez. Depois teremos competições na Venezuela e no exterior, para o meu crescimento na plataforma individual para as Olimpíadas”, conta o jovem da cidade de Trujillo, que chegou a praticar ginástica antes de descobrir os saltos ornamentais.
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No esporte desde os cinco anos, Elizabeth sonha com a classificação. “Minhas expectativas são chegar às Olimpíadas, porque me encanta. Sou a mais nova do grupo, acredito que também tenho condições suficientes. Se classificar, vou treinar mais forte para uma grande posição no Rio”, adianta a atleta.
Procura internacional
Instalação integrante da Rede Nacional de Treinamento, o centro de excelência sediou, em dezembro de 2015, a Taça Brasil Open, com a participação das equipes da Turquia, Colômbia e Hungria, que aproveitaram a oportunidade para um período de treinos na capital federal. O local também receberá as delegações da Austrália, Polônia, Geórgia, Grécia e Canadá neste mês.
“A estrutura daqui é o que está chamando a atenção do pessoal de fora. A gente recebeu a visita do técnico do Canadá em maio e, quando ele viu a estrutura, falou: ‘É aqui que a gente vai fazer a aclimatação’. Eles sabem que aqui eles vão ter praticamente as mesmas condições de treinamento que têm no país deles, mas com as condições climáticas que vão enfrentar nas Olimpíadas”, diz o coordenador do centro e técnico da seleção brasileira, Ricardo Moreira.
Segundo ele, a delegação canadense, foi a que planejou a vinda ao Brasil com maior antecedência. O país até mesmo custeou as despesas da participação de atletas brasileiros no Pan-Americano Júnior, em outubro do ano passado, em Cuba, em troca do período de aclimatação em Brasília para a Copa do Mundo.
“Para a gente está sendo muito bom receber esses atletas e técnicos de fora, nesta reta final de preparação. Não só pensando na competição, mas também no desenvolvimento dos nossos profissionais, dos nossos atletas, que estão encantados com o que estão vendo. Os técnicos também estão trocando informações, e os estrangeiros são bem abertos, conversam bastante”, analisa o treinador brasileiro.
Hugo Parisi, atleta olímpico que disputou as edições de Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012, destaca que a presença dos estrangeiros contribui com a evolução dos donos da casa. “O que mais ajuda mesmo é que, como são atletas de alto nível que vêm para cá, eles estão sempre fazendo saltos de excelente qualidade. Então um quer fazer melhor que o outro o tempo inteiro. É uma competição durante o treino, e isso faz com que eleve o nível de todo mundo”, comenta.
A implantação do Centro de Excelência da UnB, a compra dos equipamentos e a contratação dos 11 profissionais para a equipe multidisciplinar são resultados de um investimento de R$ 1,9 milhão do Ministério do Esporte. O Governo Federal também destinou R$ 844 mil para a preparação dos atletas, por meio de convênio com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Ana Cláudia Felizola e Gabriel Fialho – brasil2016.gov.br
Fonte: Brasil 2016