Hugo Parisi dá mais uma vaga olímpica ao Brasil
Copa do Mundo FINA 2016
Rio de Janeiro/RJ – O penúltimo dia da 20ª Copa do Mundo FINA de Saltos Ornamentais começou com as eliminatórias da plataforma masculina e a presença de dois brasileiros em contraste. Hugo Parisi, 31 anos, o mais velho entre os 36 competidores, e Isaac Souza Filho, que com 16 anos era o caçula do grupo. Hugo conseguiu em seu último salto a entrada na semifinal da competição – quarta, 24/2, a partir das 10 horas – e consequentemente a vaga olímpica para o Brasil, ao terminar em 18º, com 379,65 pontos, enquanto Isaac ficou na 23ª posição, 362,55, e com boas perspectivas de conquistar uma vaga na repescagem. O melhor desempenho ficou com o chinês Bo Qiu, atual campeão mundial, 535,15 pontos.
Hugo começou mal, em 25º lugar na primeira rodada e foi se recuperando aos poucos. Entrou na faixa de classificação no terceiro e quarto saltos quando pulou para a 18ª e a 12ª colocação. Mas o erro no quinto salto, quando somou apenas 39,10 pontos, o levou para o 21º lugar. Na última rodada, um bom salto de 67,20 pontos o fez subir três decisivos degraus na classificação.
– Esta é uma competição muito difícil, todos entram com muito cuidado por serem as últimas vagas e acaba que tanto cuidado produz muitos erros e eu não fui diferente. Mas tive sorte também, pois nos Jogos de Pequim/2008 fiquei em 19º nas eliminatórias e fora da semifinal por uma posição e agora fiquei em 18º, no limite. O bom é que conseguimos uma vaga para o Brasil na plataforma masculina, ainda não nominal, e agora tenho que buscar os 420 pontos, medida estipulada pela Confederação, para garantir o meu nome de vez. A tensão foi grande após o erro no penúltimo salto e mesmo normalmente o último salto de todo atleta ser o de confiança, fui pra ele pressionado e nem concluí muito bem. Mas os outros também saltaram preocupados para a rodada final e deu tudo certo. Agora, o que tinha que acontecer de vaga olímpica e mais relaxado é como se a competição começasse amanhã – concluiu Hugo Parisi, que no ano passado terminou em 8º nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, com 364,50 pontos. No Maria Lenk, ele disputou o Pan Rio, em 2007, e acabou em 4º lugar, “competir em casa é muito legal, principalmente pela pressão na arbitragem. Na dúvida entre um 7 ou 7,5, com o barulho da torcida, ele opta pelo 7,5. E olha que hoje não tinha um grande público, mas nas Olimpíadas, com certeza, isto aqui estará cheio.”
Já o novato Isaac teve seu melhor momento no primeiro salto quando foi o 10º melhor classificado com 72,00 pontos. Aos poucos, ele foi caindo, mas até metade da competição se manteve entre os 18 possíveis semifinalistas. No quarto salto, ele foi para o 20º lugar e nos dois seguintes para o 23º.
– Tentei fazer o meu melhor e mesmo não saindo, fiquei feliz com o meu resultado. Estou com o pensamento positivo para conseguir a vaga na repescagem. Cada competição é um ganho, uma experiência. Durante a prova estava um pouco tenso, não vou me enganar. Saltar aqui (Rio de Janeiro) tem alguns aspectos diferentes como o ver a minha família aqui e o clima, mas a rotina é a mesma. Escutava meu pai gritando bastante alto toda vez que saltava – Isaac Souza.
Isaac Souza Filho tem pouca experiência e segundo o treinador Alexander Ferrer segurou bem a pressão, “pois ele competiu somente seis vezes na plataforma e esta é a segunda numa competição adulta internacional”. Na primeira, no ano passado, no Mundial de Kazan, ele terminou na 19ª posição na plataforma sincronizada e 36ª na individual. De Kazan pra cá, Issac melhorou em mais de 10 pontos sua pontuação, subindo de 352,25 para 362,55 pontos.
O chefe da delegação brasileira, Ricardo Moreira, resumiu o que viu nas eliminatórias de hoje (seg).
– A prova foi muito tensa, com os atletas todos nervosos e um nível não muito forte, mas os brasileiros conseguiram controlar um pouco. O Hugo, mesmo machucado, conseguiu entrar entre os dezoito e conquistar essa vaga brasileira. O Isaac também fez uma prova muito boa, porque não é fácil disputar a última chance de participar das Olimpíadas e está ali, em 23º, com chances. O Hugo foi muito guerreiro hoje. Ele está machucado e se superou para mais uma vez alcançar esse sonho de participar da quarta olimpíada. Antes da prova eu pedi para ele largar a disputa de tanto que ele estava sentindo dor e não conseguia saltar, mas ele disse “não, eu vou saltar essa prova e vou até o final”. Os meus méritos como técnico são todos dele. Ele se superou e foi bem demais. Eu ainda vou conversar com ele e decidir o que vamos fazer, mas acho que ele já superou tudo que tinha que fazer aqui e não deveria fazer mais nada, mas vamos ver o que vamos decidir. A tendência dos atletas é que quando vão ficando mais velhos descem para o trampolim, mas o Hugo não. Ele gosta da plataforma e queria chegar à quarta olimpíada também nesta prova. O quarto salto do Hugo foi muito bom e o que permitia ele dar uma vacilada, então quando ele fez o quinto salto ele gastou essa possibilidade. Então tá bom, foi tudo dentro do esperado.
Fonte: CBDA