Nota de Esclarecimento
Sempre venho escrever coisas boas sobre a minha carreira, mas hoje venho divulgar uma situação bastante desagradável que está acontecendo no momento. Para isso vou começar a contar desde o início para que não haja nenhum mal entendido.
No dia 28 de janeiro cheguei no Centro de Treinamento do Mackenzie de Brasília para treinar e estava com a úvula bem inflamada, o que dificultava bastante a respiração durante os exercícios. Mostrei para o meu treinador, Ricardo Moreira, que falou para eu interromper os treinamentos e procurar um médico imediatamente. Procurei o Instituto de Otorrino de Brasília, que fica ao lado do Mackenzie, onde fui prontamente atendido pelo Dr. Carlos Lúcio. O médico me examinou e diagnosticou meu quadro clínico como uvulite associada a uma faringolaringite, e disse ser necessária eu tomar uma medicação a base de prednisona. Eu o informei que era atleta profissional e que não podia tomar nenhuma substância proibida, mas o médico me informou que esta substância não era proibida e que eu podia tomar sem me preocupar. Mesmo depois do médico me falar isso, quando retornei ao Mackenzie, tive o cuidado de pegar a lista de substâncias proibidas pela WADA e procurei pelo nome da substância Prednisona, mas o mesmo não se encontra na lista da WADA. Depois disso fiquei tranquilo e logo em seguida comprei o medicamento para fazer uso conforme prescrito pelo médico. Alguns dias depois já estava melhor e treinando normalmente. Segui minha preparação para a etapa do Circuito Mundial do Grand Prix da Alemanha e no dia 24/02 participei da prova de plataforma da competição, a qual terminei em nono lugar. Após a competição fiz o exame antidoping, como é de praste, e segui minha preparação para as futuras competições.
No dia 19 de abril recebi um comunicado da FINA de que a substância Prednisona, encontrada na minha urina no exame do dia 24/02, pertence a classe S.9 Glucocorticóides, a qual é uma substância proibida pela FINA. Eu confirmei que realmente fiz o uso da substância, mas que havia sido prescrito pelo médico e que não tinha conhecimento de se tratar de substância proibida, afinal não sou nenhum especialista químico para saber a que classe de medicamento pertence cada substância.
Abri mão de fazer a análise da amostra B, e pedi que a FINA tentasse analisar o meu caso o mais rápido possível, pois é difícil continuar os treinamentos com isso na cabeça.
A FINA marcou o Painel Antidoping para analisar o meu caso para o dia 14/06 em Lausanne, na Suíca, onde fui na semana passada.Durante o painel eu expliquei toda a situação e eles me fizeram várias perguntas. No final me falaram que entenderam o caso, mas que a pena para este tipo de caso varia de 12 a 24 meses e que eles não podem fazer nada além do que está na regra. Acho que este foi um dos momentos mais difíceis da minha vida, pois pensar que poderia ficar ausente das competições do meu esporte por todo este tempo, a qual participo há mais de 20 anos, realmente me parecia algo insuportável. Ainda mais sabendo que nunca tive nenhuma atitude irregular para melhorar minha performance e que procurei fazer tudo dentro das recomendações da FINA. Após esta descarga de emoção, apenas tive fôlego para pedir para eles considerarem toda a situação e levarem em conta que a substância encontrada em nada ajuda na performance de um atleta de saltos ornamentais, o que mostra que eu sempre agi de boa fé.
Eles falaram que iam analisar tudo e que me dariam a resposta por telefone e por email dentro de algumas horas. Certamente foram as horas mais longas da minha vida.
Cerca de três horas depois recebi por email e logo em seguida uma ligação da FINA informando que a pena aplicada à mim seria de 3 meses.
Não vou dizer que comemorei, pois eu acredito que não deveria ser penalizado, pois em nenhum momento eu tive a intenção de ingerir uma substância proibida. Mas fiquei aliviado, pois no meu entendimento eles deram a redução máxima da pena por terem entendido a minha boa fé.É uma situação desagradável, mas o sentimento que tenho hoje é que quero treinar forte para poder voltar logo às competições na minha melhor forma.
Sou grato pelo apoio que tenho recebido dos meus patrocinadores, em especial ao Mackenzie, que desde o início me deu todo o suporte jurídico e me deu as condições de fazer a melhor defesa possível. E agradeço também aos meus amigos e familiares que estão sempre do meu lado.