Saltos ornamentais exigem muito equilíbrio, técnica e concentração
Confira a 11ª reportagem do quadro “Que Esporte é Esse?”, do JG. Modalidade esportiva apareceu pela primeira vez nas Olimpíadas em 1904.
O controle do corpo, do espaço e dos movimentos é o que se exige dos atletas que saltam e mergulham em uma piscina e entram em uma fronteira entre esporte e expressão artística. Os saltos ornamentais estão no quadro “Que Esporte é Esse?”.
É quase uma linguagem própria entre técnico e atleta. “O técnico não precisa falar muito, só gesticular e as vezes só com um olhar o atleta já entende o que o técnico quer dizer”, diz Ricardo Moreira, técnico da seleção brasileira de saltos ornamentais.
“Em grandes competições é importante porque a piscina está lotada e não tem como eu escutar o que ele está falando e nem de perder muito tempo”, explica o atleta Hugo Parisi.
No mundo subjetivo dos saltos ornamentais, a sede é por uma performance perfeita. Mas o que seria um salto perfeito? “O salto perfeito é difícil, né? É aquilo que a gente está buscando e eu não sei se um dia a gente vai conseguir”, conta o técnico Ricardo Moreira.
Plasticidade, equilíbrio. Quanto menos água espirrar, mais pontos que vai de 0 a 10. Nas Olimpíadas serão sete jurados nas provas individuais. As duas maiores notas e as duas menores são excluídas e as três restantes são somadas e multiplicadas pelo grau de dificuldade dos movimentos.
Quanto mais mortais e parafusos, por exemplo, maior a comlexidade. Já no salto sincronizado, são 11 jurados. Cinco deles julgam o sincronismo e três avaliam um saltador em separado. E outros três jurados julgam o outro atleta. “Eu nunca vi ninguém tirando 10 iguais em todos os saltos, que são no caso, seis saltos”, diz o técnico Ricardo Moreira.
Os atletas costumam treinar no solo que vão executar no ar, mas nem sempre o salto sai como o previsto. Além da nota baixa ou do zero, pode acabar machucando.
Os saltos ornamentais apareceram nos Jogos Olímpicos pela primeira vez em 1904, nos Estados Unidos, só tinha a prova na plataforma, quatro anos depois em Londres entrou a prova no trampolim e só em 1912 as mulheres entraram na competição.
A carioca Juliana Veloso é a atleta que mais esteve em Jogos Olímpicos representando o Brasil e essa será a quinta participação dela. Neste ano no Rio, serão 136 competidores de países diferentes brigando por uma medalha, as competições serão no Centro Aquático Maria Lenk, terão as provas individuais e sincronizadas, no trampolim de 3 metros e na plataforma de 10 metros. Os homens saltam seis vezes, e as mulheres, cinco.
Entre um salto e outro, os atletas tem aquele momento para refletir a performance, pensar, tentar fazer melhor e parte desse momento é subindo as escadas para realizar o salto seguinte. Para chegar até a plataforma de 10 metros, por exemplo, são 57 degraus e dá tempo de pensar bastante coisa.
“A gente começa a subir, é a hora que a gente está estreitando o foco, deixando todos os pensamentos negativos pra longe e chegar em dez metros com confiança e preparado para fazer um bom salto”, conta o auxiliar técnico Filipe Monteiro.
O Hugo Parisi, especialista na plataforma de 10 metros, e o também brasiliense César Castro, que prefere o trampolim, são veteranos em Olimpíadas. Estão indo pela quarta vez. Eles e a Juliana Veloso são os únicos brasileiros confirmados nas provas de saltos até agora.
Mas o Brasil, por ser país-sede, ainda tem oito vagas para as provas nos saltos sincronizados, que serão definidas em maio no Troféu Brasil, em Brasília. Muitos estão atrás dessa vaga, para tentar, no mundo subjetivo de saltos, gestos e números uma única certeza: viver momentos inesquecíveis dentro do próprio país.
“Representar meu país em casa, com meus amigos, com minha família na torcida, acho que não vai ter. Eu não tenho nem palavras pra explicar o quanto eu sou grato por esse momento”, revela emocionado o atleta Hugo Parisi.
Fonte: Jornal da Globo